Aquele Caderno

Minhas. Manhãs.

Minhas manhãs tem sido algo que tenho buscado cada vez mais e, aos poucos encontrado: minhas.

Não nego que minha maior ambição, talvez necessidade atual, seja o me entender como pessoa, como inteiro. Me preocupa e me assusta o fato de ser um bom adaptador, acostumado a me transformar para caber e para ser cabido, companhia e tirar a solidão. Me preocupa, entanto, ser só isso. E nos momentos em que quero ser só, que entender da minha própria companhia, refletir, descansar?

Comentei e pensei sobre essa questão a pouco tempo, mas muito no lugar de não saber direito quem sou quando não há outros para me adequar. Ainda é isso, lógico, mas também é um lugar agora de curiosidade genuína e do compreender que não há problema em ter meus momentos. Curiosamente, tal permissibilidade me veio depois de uma nova companhia surgir, de um desejo de também de poder e estar perto, me veio a lembrança de ser minha companhia também. Nas palavras que tem se naturalizado em sair, escritas ou verbais, tenho posto minhas dúvidas, dilemas, pesos e pensamentos: tenho posto pra fora o que me aflige. E ter conhecido não só esse espaço mas as pessoas que agora me cercam, como me acolhem e querem também me ver, é crucial.

Nisso, as palavras tem encontrado seus lugares: no papel, nas telas, lidas e escritas; em mim e nas pessoas que me cercam. Quero que minha prática, minha vida seja de manhãs, de permissão e de espaço, que mesmo que eu não tenha o recorte perfeito, mas que crie. As coisas são prática, eu preciso praticar ser quem eu quero ser.